Afluente, deixe seu conhecimento correr para o mar da educação
Nosso país tem mais de 200 milhões de pessoas, e destes quase 50 milhões são jovens entre 15 e 29 anos, quase 25% da população brasileira.
Apesar disso, a taxa de desemprego entre 18 e 24 é de 29%, o dobro da média geral do índice medido pelo IBGE. E quanto mais jovem, mais crítica fica a situação. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego entre 14 e 17 anos foi de 42% no final de 2020!
O impacto da desigualdade social
E "Entre todos os brasileiros desempregados, cerca de 70% são negros. A juventude não é experimentada igualmente entre os jovens", diz Mariana Resege, da ONG "Em Movimento" líder da frente "Atlas da Juventude" que visa mapear diversos índices relacionados aos jovens no Brasil de maneira longeva a fim de medirem os acertos e desafios da educação, do trabalho, da vida social e emocional dos nossos jovens.
"A pandemia agravou um cenário que já vinha muito crítico. Cerca de 30% dos postos no sistema CIEE foram fechados desde março de 2020; e muitas vagas nunca mais vão existir. As empresas pararam de repor os aprendizes após o fim do contrato", explica Humberto Casagrande, superintendente-geral do CIEE. "Melhorou em 2021, mas estamos trabalhando muito aquém” (da demanda).
Efeito dominó
Para especialistas, é possível haver "apagão" de mão-de-obra no Brasil. Com o aumento da evasão escolar, com 20% dos jovens sendo principal ou única fonte de renda das famílias em situação mais alta de vulnerabilidade, com a redução da oferta de bolsa, vagas no ensino médio e universidades públicas, pandemia e os altos índices de desemprego, a arrecadação de impostos pode diminuir com informalidade (único caminho para muitos), além de fragilizar as políticas públicas e a Previdência.
Sim, o desemprego, abandono escolar e informalidade podem gerar um efeito-dominó por décadas.
E qual a chave que pode parar e alterar o fluxo deste efeito? Você arrisca responder?
Educação!
Educação, a ferramenta mais poderosa para a transformação da humanidade
Pessoalmente, eu acho que a educação é a frente mais transformadora, não só do voluntariado, mas da humanidade.
Chegamos onde chegamos, para o bem e para o mal, por ela. Ela permeia tudo, é um passaporte para as demais transformações, e com ela, asseguramos a longevidade do que é conquistado.
Educação permite visão, escolhas, dá incentivo e coragem para pedir ajuda! E nosso país só chegará ao seu máximo potencial quando todos tiverem acesso ao conteúdo que os permita ver, entender e cocriar e escolher.
E como faz então?
Com a virtualização do mundo demandada pelo vírus, o desafio de educar e de se educar se tornou hercúleo e as diferenças sociais agudizaram o drama que já viviam as minorias, a população em situação de vulnerabilidade.
Exclusão digital
> 5 milhões de estudantes no Brasil não têm acesso à internet em suas casas.
Segundo a Unicef:
> 17% dos alunos não consegue acompanhar o conteúdo programático de modo adequado;
> Menos de 15% das escolas públicas ofertavam plataforma online antes da pandemia;
> 39% dos alunos destas escolas não tinham aparelho para acessar às aulas;
> e outros 18% têm acesso à internet exclusivamente por um celular que muitas vezes é compartilhado com outro membro da família.
E para aqueles que contam com um aparelho com acesso à internet, junte a isso tudo a tentação das redes sociais; pois se nós, que somos adultos, muitas vezes perecemos, imagine meninos e meninas, de 3 a 5 horas "assistindo à aula" com este device, e muitas vezes, sem supervisão...
E nas casas onde os pais estão para monitorar, a pressão é grande para que alguém arrume um emprego, já que eles, antes provedores, agora lutam de bico em bico para manter o mínimo necessário para a sobrevivência da família.
Evasão escolar
Em uma recente pesquisa realizada pelo Atlas da Juventude, a evasão escolar saltou de 18 para 43% de 2020 para 2021!!! Entre os jovens de 18 a 24 anos esse nr é ainda maior: 49%. Entre 15 a 17, o número é de 32%.
Esses dados corroboram com a tendência também identificada por esta mesma pesquisa, onde houve um crescimento no número de jovens que se tornaram responsáveis ou contribuem financeiramente consideravelmente em seus lares. A pesquisa os chama de jovens potência!
Os motivos do abandono escolar?
21% precisei ganhar mais dinheiro;
14% não consegui acompanhar o ensino a distância;
10% não estava aprendendo;
10% tive que cuidar do meu filho;
10% por motivos de saúde;
9% não consegui conciliar trabalho e estudos.
.... e por aí vai...
e quando perguntados como será a volta e pedimos sugestões para melhorar, o cenário é esse:
8% diz que não irá voltar!;
47% quer a vacinação;
36% pleiteia a renda básica;
33% almeja uma política de bolsas;
27% gostaria de ter apoio psicológico;
23% querem a flexibilização das horas de estudo;
17% orientação para organizarem sua rotina de estudos;
17% quer equipamentos para acesso às aulas;
e 14% aulas sem internet...
Há esperança!
Sim, o cenário é adverso, intrincado, e muito muito muito desafiador, mas há também caminhos. O programa jovem aprendiz - que especialistas defendem que ainda pode ser aprimorado, com a ampliação da idade limite para 29 anos, por exemplo - tem tido excelentes resultados e é a única iniciativa que vêm gerando crescimento nos índices de empregos para jovens que durante a pandemia. <3
O Sebrae/Senai tiveram muito sucesso neste piloto do que pode ser o novo ensino médio com prática atrelada ao conhecimento teórico, num crescente de horas da prática em proporção ao decréscimo da teoria com o passar dos anos.
Os programas de voluntariado da maioria das grandes empresas abraçam a educação, se não como a causa principal, ao menos um de seus pilares.
Então o que você está esperando?
Traga sua nascente para se somar a outras e ao formarmos afluentes, vamos fazer estes rios regarem todas as sementes, transformar a situação de vulnerabilidade em um terreno de fértil para que nossos jovens floresçam, e com eles um país muito melhor!
Fontes:
https://atlasdasjuventudes.com.br/jovens-potencia/
https://atlasdasjuventudes.com.br/juventudes-e-a-pandemia-do-coronavirus/
https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/trabalho-jovem-aprendiz/#page9